O dia 22 de dezembro marca o início do verão, neste ano. Nota-se que as ondas de calor estão cada vez mais intensas e por isso os cuidados com a saúde devem ser intensificados.
Manter uma alimentação saudável e o consumo adequado de água são essenciais para o bem-estar. A campanha Dezembro Laranja vem de encontro a um tema de igual importância, que são os cuidados com a pele, uma vez que a exposição ao sol nessa época é mais constante, principalmente no período de férias.
Para falar sobre a saúde da pele, conversamos com a Dra. Lucirene da Silva Cruz Mello, médica dermatologista, que atende no Consud:
O câncer de pele caracteriza-se pelo crescimento anormal e descontrolado das células que formam a pele. Elas se agrupam em camadas e, conforme a área e o tipo celular afetado, define-se o tipo de câncer.
A exposição excessiva à radiação ultravioleta proveniente do sol ou de cabines de bronzeamento artificial é a principal causa do desenvolvimento dos principais tipos de câncer de pele. Vale ressaltar que essa exposição é cumulativa, quanto maior a exposição desprotegida, maior o dano celular. Isso significa que as consequências são permanentes, já que modifica o DNA da área afetada, podendo gerar a multiplicação celular anormal no futuro.
Carcinoma Basocelular é o tipo mais comum de câncer de pele, afeta as células basais, localizadas na parte mais profunda da epiderme. O CBC apresenta baixa mortalidade, raramente invade outros órgãos e pode ser totalmente curado quando o paciente recebe o diagnóstico precoce e segue o tratamento adequado. Surge principalmente nas regiões que ficam mais expostas ao sol, como couro cabeludo, orelha, face, pescoço, costas e ombros. A aparência mais frequente é de uma tumoração róseo avermelhada, brilhante, que pode ter ulcerações e/ou crostas, que nunca cicatrizam e sangra com facilidade.
O segundo câncer de pele mais prevalente é o Carcinoma Espinocelular, ocorre nas células escamosas da epiderme que se localizam próximas à área mais superficial da pele. E o terceiro câncer de pele é o Melanoma, que tem o maior índice de mortalidade devido sua habilidade de se espalhar a outros órgãos. Embora o diagnóstico assuste, a doença pode ser curada quando identificada no estágio inicial.
Sim, as pessoas mais suscetíveis ao câncer de pele são aquelas que se expuseram muito ao sol na infância e adolescência, que tiveram vários episódios de queimaduras solares, que praticam esportes ou trabalham ao ar livre sem proteção e/ou têm pele clara e vivem em regiões ensolaradas. Outro fator relevante é a herança genética: quem tem histórico da doença na família também pode vir a desenvolvê-la.
O exame físico consiste na observação das características clínicas das lesões como formato, cor, tamanho e textura. O médico dermatologista é o profissional mais habilitado a fazer esse diagnóstico. Ele pode usar no exame um instrumento com uma lente — chamado dermatoscópio — que permite visualizar cada lesão com um grande aumento e observar características específicas dessas, aumentando a chance do diagnóstico correto. Algumas vezes, o profissional necessita realizar uma biópsia, que consta da retirada de uma pequena parte de material da área suspeita para análise laboratorial e confirmação do diagnóstico.
A maior parte dos cânceres de pele dos tipos basocelular e espinocelular são tratados por meio da remoção cirúrgica da lesão. Isso pode ser alterado de acordo com a localização do tumor, o estágio da doença e as condições físicas do paciente. As alternativas utilizadas à cirurgia ou concomitante a ela, principalmente nos casos avançados, incluem terapia local, radioterapia, terapia-alvo, quimioterapia e imunoterapia.
Em relação ao melanoma, o tratamento varia principalmente conforme o estágio da enfermidade. Nos estágios iniciais (0 e 1) é realizada a extração cirúrgica do tumor com margem de segurança, sendo isso normalmente suficiente para curá-lo. Nos demais estágios (2-4), é necessário saber a profundidade do tumor, o comprometimento dos linfonodos e de outros órgãos.
A partir disso é feita uma programação de tratamento que pode compreender além da cirurgia, um tratamento adicional com radioterapia, imunoterapia e terapia alvo. Nos últimos anos novas opções de tratamento para pacientes com melanoma avançado têm revolucionado e alcançado resultados muito positivos.
A prevenção ainda é a melhor medida para evitar o câncer de pele. Para tanto, é preciso manter a proteção solar diariamente, mesmo quando o clima está nublado, e tentar expor-se ao sol antes das 10h e depois das 16h. A proteção solar deve ser física – através de roupas e chapéus que cobrem o corpo – e química – através do uso de protetores solares acima de FPS 15.
O câncer de pele é uma tumoração visível e fácil de ser observada, assim é fundamental visitar o seu médico dermatologista pelo menos uma vez ao ano ou a qualquer sinal de alerta para um exame completo da sua pele. Esses cuidados simples diminuem os riscos do desenvolvimento da doença e prolongam a sua vida.
A campanha do Dezembro Laranja foi criada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), no ano de 2014.