Dia Mundial do Coração

Ao contrário da crença popular de que problemas de saúde como o câncer, acidentes de trânsito e mortes violentas são as principais causas de morte no Brasil, as doenças do coração dominam com folga o ranking de mortes no país: sendo a principal delas, a doença isquêmica do coração (também chamada de doença arterial coronariana), com uma taxa de mortalidade de 80.02 para cada 100 mil habitantes, seguida por mortes por doenças cerebrovasculares, com taxa de 56.58 para cada 100mil habitantes.

Em alusão ao Dia Mundial do Coração, comemorado no dia 29 de Setembro, contamos com a colaboração do Cardiologista Dr. Leonardo Brandão Precoma, que atende na ARSS, para falar sobre o assunto:

Quais são as causas e os sintomas típicos de uma doença cardíaca?

As doenças cardíacas são representadas por uma grande variedade de manifestações e etiologias. Dentre elas, as mais comuns e seus sintomas respectivamente são:

• Arritmias: palpitações, sensação de “batedeira” no peito, tontura, desmaio;
• Doença coronariana: dor no peito, cansaço, suor excessivo, náuseas e/ou vômitos, dor na região do pescoço, aperto no peito;
• Hipertensão arterial: tontura, dor na nuca, mal estar, zumbido no ouvido, fraqueza, sangramento nasal;
• Insuficiência cardíaca: cansaço fácil, inchaço nas pernas, falta de ar, fadiga, incapacidade de realizar atividades diárias.

Com qual idade precisamos começar a cuidar da saúde do coração?

As doenças do coração podem afetar todas as idades, desde os recém nascidos até as pessoas com idade mais avançada. Caso o recém-nato tenha alguma dessas doenças, elas são chamadas de cardiopatias congênitas. Um cardiologista pediátrico pode auxiliar no diagnóstico e tratamento.

Conforme a idade avança, a prevalência dos problemas cardíacos vai aumentado, sendo que a partir dos 30 anos, ainda a maior causa de mortalidade é a doença arterial coronariana, sendo o infarto a consequência mais fatal. Isso se dá pela obstrução do fluxo arterial coronário na maioria das vezes por placas de colesterol.

O músculo que bombeia sangue por todo corpo sente o impacto da vida moderna e da velocidade que ela impõe. Velocidade muitas vezes não compatível com o ritmo saudável e confortável ao coração.
Homens e mulheres a partir dos 40 anos, é recomendado pelo menos uma consulta com o especialista (cardiologista) para uma avaliação funcional.

Como prevenir as doenças do coração?

Assim como os sintomas e as causas, a prevenção das doenças cardiovasculares também encontra caminhos semelhantes. O cuidado com o coração está baseado na adoção de um modo de vida saudável, que inclui melhores hábitos alimentares, atividades físicas e bem-estar emocional.

A recomendação está na cartilha de Diretriz de Prevenção Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) que traz como fator essencial para se evitar as doenças cardíacas um modo de viver feito de escolhas mais conscientes e saudáveis.

Preferir alimentos in natura, introdução de mais verduras, legumes e frutas na dieta, praticar atividades físicas regulares, abandonando o sedentarismo. Evitar o tabagismo, drogas ilícitas e consumo excessivo de álcool.

Como a história familiar afeta o diagnóstico do paciente?

Entre as principais doenças cardiovasculares hereditárias estão as arritmias, miocardiopatias, coronariopatias, aterosclerose, distrofias musculares e a hipercolesterolemia familiar, sendo essa última uma das doenças genéticas mais comuns no Brasil, afetando cerca de uma a cada 300 pessoas, o que representa quase 700 mil indivíduos.

Apesar da maior partes delas não ser tão frequente, esse tipo de doença (cardiovascular) costuma ter alto grau de mortalidade em todos os grupos etários. Além de morte súbita, elas podem causar ainda insuficiência cardíaca, fibrilação atrial e problemas tromboembólicos. Muitos desses sintomas podem ser evitados com diagnóstico e tratamento adequado.

Quais hábitos podemos adotar para cuidar da saúde do coração?

A mais importante forma de cuidado é a prevenção. Ninguém gosta de tomar remédio não é mesmo?

Ter consciência sobre a alimentação saudável, evitar o consumo de sódio, observar os rótulos dos alimentos industrializados, evitar as gorduras em excesso (principalmente se a história pessoal ou familiar for desfavorável) são medidas básicas e que todo mundo deveria fazer.

Infelizmente, alguns deflagradores de infarto e AVC, em especial a obesidade e o diabetes tipo 2, vêm aumentando entre a população. Esse contexto torna as ações preventivas ainda mais relevantes. Devemos promover um estilo de vida saudável, combatendo hábitos nocivos e reduzindo os fatores de risco, como os níveis elevados de colesterol e pressão arterial.

Além disso, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) alerta para a importância de algumas vacinas para idosos, diabéticos e grupos de comorbidades no calendário do SUS. Certas viroses desencadeiam processos inflamatórios, que deflagram eventos cardiovasculares.
 

Dr. Leonardo Brandão Precoma:
- Residência em Clínica Médica pela Sociedade Hospitalar Angelina Caron (PR) e Cardiologia pelo Instituto do Coração da Universidade de São Paulo (InCor - USP). (RQE: 20694/ RQE: 21897);
- Título de especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC);
- Título na área de atuação em Ergometria pelo Departamento de Ergometria, Exercício, Cardiologia Nuclear e Reabilitação Cardiovascular (DERC) (RQE: 25046);
- Membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Membro da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP);
- Pós graduação em Nutrologia pela ABRAN;
- Diretor Clínico - Clínica Incore;
- Clique para acessar o Currículo Lattes.