Setembro: Mês Mundial do Alzheimer

 

Publicado em: 21/09/2022 08:36 | Fonte/Agência: Patricia Santos / Associação Regional de Saúde do Sudoeste

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Setembro: Mês Mundial do Alzheimer

Dra. Samyra Soligo Rovani (Foto: arquivo pessoal).

No dia 21 de Setembro comemora-se o Dia Mundial da Doença de Alzheimer e o Dia Nacional da Conscientização da Doença de Alzheimer.

O Mês e o Dia Mundial do Alzheimer, são uma campanha internacional da Alzheimer’s Disease International - ADI realizada para aumentar a conscientização e desafiar o estigma que cerca a demência. Segundo o Ministério da Saúde, estima-se que existam 1,2 milhão de casos, a maior parte deles ainda sem diagnóstico e, no mundo, cerca de 35,6 milhões de pessoas são diagnosticadas com a Doença de Alzheimer. Trata-se de uma doença que se apresenta como demência ou perda de funções cognitivas (memória, orientação, atenção e linguagem), causada pela morte de células cerebrais.

Para falar sobre o assunto, contamos com a colaboração da Dra. Samyra Soligo Rovani, profissional que atende na ARSS, no setor MACC, na linha de cuidado da Saúde do Idoso:

Qual é a idade mais comum para o aparecimento da doença de Alzheimer?

A idade mais comum para diagnóstico de Doença de Alzheimer é 65 anos de idade ou mais. Mais raramente, algumas pessoas podem ter o diagnóstico mais precocemente, ou seja, com idade inferior a 65 anos.

Quais os sinais de “alerta” para buscar ajuda profissional?

Os principais sinais de alerta para a Doença de Alzheimer, o tipo de demência mais comum, são problemas na memória, principalmente dificuldade em lembrar informações recentes, alterações de pensamento e comportamento. Atividades que antes eram simples deixam de ser para os portadores da doença, assim como a capacidade para resolução de problemas torna-se prejudicada, problemas na comunicação, confusão sobre locais, nomes, fatos. E também a diminuição da capacidade de juízo e de crítica podem ser sinais de alerta para a doença.

A doença pode ser tratada?

Hoje o tratamento medicamentoso disponível na nossa prática clínica, baseia-se principalmente na melhora dos sintomas de demência em algumas pessoas. Além disso, intervenções comportamentais são muito importantes e podem trazer benefícios tanto para os pacientes como para os familiares e cuidadores. As intervenções comportamentais dizem respeito às terapias não farmacológicas, como educação sobre a doença, inclusão em grupos de atividades e também a criação e fortalecimento da equipe de apoio ao paciente. A abordagem por uma equipe multiprofissional é muito importante, juntamente com o tratamento de outras condições médicas coexistentes. O objetivo principal do tratamento hoje é fazer com que as pessoas consigam se manter independentes nas atividades da vida diária por mais tempo e assim melhorar a qualidade de vida.

Existem formas de evitar a doença de Alzheimer?

Sim, assim como para outras doenças crônicas, as principais formas são as mudanças no estilo de vida. Como por exemplo, ter uma alimentação saudável, cessar o tabagismo, ter uma boa qualidade de sono, não abusar de bebidas alcóolicas, reduzir o estresse e praticar exercícios físicos regularmente. A participação social também parece ser benéfica, mantendo-se cognitivamente ativo. Além disso, o controle adequado de outras condições clínicas coexistentes (como hipertensão arterial, diabetes mellitus, carências nutricionais etc).

A doença de Alzheimer tem a ver com hereditariedade?

Pode ter relação com a genética sim. Inclusive existem algumas variações genéticas conhecidas que podem aumentar a chance de desenvolvimento da doença. Se por exemplo os pais ou irmãos de um determinado paciente tiverem Doença de Alzheimer, o paciente tem uma chance maior de desenvolver a doença. Não está bem claro até o momento como essa relação acontece exatamente, mas fatores genéticos, ambientais e também o estilo de vida do paciente podem ter alguma influência sobre o desenvolvimento e progressão da doença.

Para concluir, Dra. Samyra ressalta que é importante lembrar que toda a rede de apoio de um paciente com Doença de Alzheimer merece uma atenção especial. Por ser uma doença progressiva, nas fases iniciais, o paciente pode permanecer independente e conforme a evolução clínica, em estágios mais avançados, podem ser necessários cuidados em tempo integral para todas as atividades, desde as mais simples como alimentação e higiene pessoal. Além disso, as alterações comportamentais que podem aparecer podem causar grande impacto sociofamiliar. Como até o momento não dispomos na prática clínica de um simples exame capaz de diagnosticar Doença de Alzheimer, a investigação requer uma ampla avaliação médica para assim fazer um diagnóstico preciso, principalmente nas fases iniciais da doença e assim propor uma abordagem adequada, tanto do paciente como dos familiares e cuidadores. Tendo em vista tudo isso, é importante destacar a importância de um atendimento médico mediante os sinais precoces da doença.

Dra. Samyra Soligo Rovani é Médica com Especialização em Geriatria pela Unoeste/SP e Mestra em Ciências da Saúde pela Unioeste.