Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla

 

Publicado em: 25/08/2022 09:08 | Fonte/Agência: Patricia Santos / Associação Regional de Saúde do Sudoeste

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Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla

A Psicóloga Gabriela Martarello em atendimento no MACC.

Do dia 21 a 27 de Agosto comemora-se a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla. Trata-se de uma campanha anual, desenvolvida pela Federação Nacional das APAEs (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), desde 1963.

Suas comemorações visam divulgar conhecimento sobre as condições sociais das pessoas em situação de deficiência intelectual e múltipla, como meio de transformação da realidade, superando as barreiras que as impedem de participar coletivamente em igualdade de condições com as demais pessoas.

Para falar sobre o tema convidamos a Psicóloga Gabriela Martarello, que atende na ARSS, no setor do MACC - Modelo de Atenção às Condições Crônicas:

O que caracteriza uma pessoa ser considerada com deficiência intelectual e múltipla?
Pessoa com deficiência é aquela que tem impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial. As pessoas portadoras de deficiência múltipla são aquelas afetadas em duas ou mais áreas, caracterizando uma associação entre diferentes deficiências, é a ocorrência de duas ou mais deficiências simultaneamente, sejam deficiências intelectuais, físicas ou ambas combinadas. Já na deficiência intelectual a pessoa apresenta um atraso no seu desenvolvimento, dificuldades para aprender e realizar tarefas do dia a dia e interagir com o meio em que vive. Ou seja, existe um comprometimento cognitivo, que acontece antes dos 18 anos, e que prejudica suas habilidades adaptativas.

O que causa a deficiência múltipla?
A deficiência múltipla pode ser de ordem sensorial, motora e linguística e originada de “fatores pré-natais" (por má formação congênita e por infecções virais, tais como rubéola ou doenças sexualmente transmissíveis), perinatais ou natais e pós-natais, além de situações ambientais tais como: acidentes e traumatismos cranianos, intoxicação química, irradiações, tumores entre outras.

Quais as dificuldades que uma pessoa com Deficiência Intelectual pode apresentar?
Por se tratar de um distúrbio do neurodesenvolvimento, o transtorno neurológico afeta a habilidade de interação social, comunicação, raciocínio lógico, entre outras. Além disso, prejudica o aprendizado, a atenção, a memória e a linguagem da criança. As Pessoas com deficiência intelectual ou cognitiva costumam apresentar dificuldades para resolver problemas, compreender ideias abstratas (como as metáforas, a noção de tempo e os valores monetários), estabelecer relações sociais, compreender e obedecer a regras, além da dificuldade de realizar atividades cotidianas.

Como prevenir a deficiência múltipla?
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, 70% das deficiências poderiam ser evitadas, portanto é de suma importância a abordagem preventiva. A prevenção das deficiências caracteriza-se por diversos fatores, dentre eles:

- Fatores genéticos: dentre os distúrbios causados total ou parcialmente por fatores genéticos, reconhecem-se três tipos principais: distúrbios amonogênicos; distúrbios multifatoriais; distúrbios cromossômicos.

- Fatores ambientais: A gestação envolve uma série de relações entre o bebê e seu ambiente, representado pela bolsa amniótica, útero, corpo da mãe e meio externo. As eventuais influências negativas desse ambiente podem modificar o desenvolvimento embrionário normal, resultando em malformações, sofrimento fetal, morte fetal, entre outros. De acordo com Moura (1993), essas influências podem ser agrupadas da seguinte forma: Doenças causadas por vírus (Rubéola, Citomegalovírus, Hepatite, Varicela e Sarampo); Doenças causadas por bactérias (Sífilis); Doenças causadas por protozoários (Toxoplasmose, Doença de Chagas e Malária); Doenças endócrinas (Diabetes e Disfunções da Tireóide); Características maternas (influência no desenvolvimento embrionário, nele provocando alterações, como, por exemplo, uma maior incidência de Síndrome de Down em mães acima dos 35 anos de idade);

- Fatores físicos: como os raios-X e outras formas de radiação, podem determinar o aparecimento de anormalidades, como deficiência auditiva, fissura labial e palatina, deficiência visual, microcefalia, defeitos genitais e deficiência intelectual. A radiação age por meio de mutação gênica, alterações cromossômicas e danos celulares, sendo o período entre a segunda e a sexta semana de gestação o mais suscetível à ação radioativa.

- Intoxicações pré-natais (medicamentos, cigarro, álcool e drogas psicotrópicas)

- Fatores de Risco e Causas Perinatais: O período perinatal é a fase correspondente ao momento do nascimento ou imediatamente após, envolvendo toda a problemática decorrente do atendimento materno-infantil. Alguns exemplos são: anóxia neonatal, traumatismo obstétrico, prematuridade, baixo peso ao nascer.

- Fatores de Risco e Causas Pós-Natais: As causas pós-natais são as que atuam após o nascimento. Incluem causas microbianas, desnutrição, carências, intoxicações, traumatismos crânioencefálicos, fatores ambientais, familiares e condições sócio-econômicas. Dentre elas: infecções (sarampo, caxumba, herpes e meningite) traumatismo crânio-encefálico.

São inúmeras as causas e fatores de risco que podem levar à instalação da deficiência, sendo importante ressaltar que, muitas vezes, mesmo utilizando sofisticados recursos diagnósticos, não se chega a definir com clareza a sua etiologia.

Como o psicólogo pode ajudar?
O profissional psicólogo é de fundamental importância no acompanhamento do processo de reabilitação e inclusão. Nestes processos, a contribuição se dará de forma de auxílio ao indivíduo, a ser ativo e proativo na sociedade, ajudando-o a promover oportunidades de desenvilvimento de autonomia e responsabilidades de suas ações. O psicólogo escolar pode acompanhar o processo de inclusão desde o início, de forma continuada, orientando os pais e a escola. Poderá ainda criar projetos permanentes ou pontuais para orientação e esclarecimento sobre a inclusão, junto aos pais, professores, demais profissionais e funcionário da escola e alunos.

As funções do psicólogo no processo de reabilitação de pessoas com deficiência têm se caracterizado também pela coordenação de grupos de discussão com a equipe de reabilitação, o treinamento de pessoal auxiliar, e principamente apoio e orientações aos familiares.